quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Halo Combat Evolved - Xbox




Isto deve ter acontecido por volta de 2004.

Ainda tinha meu Dreamcast ligado à TV, mas vivia cheio de pó o coitado. Nada de videogame me animava por esta época, pois estava na faculdade e meu dia era bem ocupado entre o trabalho e os estudos. Até aí, sem novidades para a maioria dos jovens de qualquer lugar do mundo. E foi através de um colega no novo trabalho (um concurso no qual eu havia passado naquele ano) que eu conheci o fenômeno cultural chamado Halo. Sim, fenômeno cultural, devido à enorme quantidade de material que derivou daquele jogo de videogame desenvolvido pela Bungie. 

Claro que à época, ninguém pensava a magnitude que a estória do Master Chief iria alcançar, nem se imaginava como sua saga poderia ser perpetuada, a não ser, claro, através de novos jogos da franquia. Algo seguramente previsível. 

Bom, retornando ao colega de trabalho, após as formalidades que traçam o caminho para o entrosamento necessário para se executar minhas funções na nova casa laboral, este cara, Edmilson, um nerd completamente diferente de todos que havia conhecido, começou a me falar de videogames e, mais particularmente, de seu horror pela Nintendo. Pronto! O santo videogamístico casou na hora.

Conversa vai, conversa vem, “Sonic é melhor que Mario”, “Dreamcast é o melhor console da geração passada”, até que ele fala de um negócio chamado Xbox, produzido pela Microsoft e sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar. Sim. Este era o grau de alienação em termos de videogame que eu havia alcançado naquela época. Eram tempos conturbados para mim, que sempre joguei e sempre tive o videogame como meu principal passatempo. 

Bom, o tempo passou e o Edmilson fez o convite para conhecer o Xbox e o jogo Halo, o qual ele chamava “Ralo” e sobre o qual ele falava e me mostrava fotos na internet. Depois eu saberia que sua empolgação não era em vão. Fui até a casa dele após o expediente numa tarde (trabalhávamos em regime de 6 horas) e já na tela inicial do jogo, quando escutei as vozes que entoam aquele cântico meio gregoriano que caracteriza até hoje a franquia, minha mente explodiu! 

Eu já sabia que aquilo seria épico e espetacular, pois só a música já fazia este trabalho tão fundamental nos jogos modernos, o trabalho de imersão. O canto conseguia me transportar para aquele universo sagrado, com seus inúmeros e estranhos significados, cheio de mitologia e ficção científica, cheio de ação e lindos cenários.

Quando o Edmilson começou a jogar, começou a me apontar as diferenças técnicas fundamentais que faziam daquela geração e daquele console, os mais espetaculares já criados, e daquele jogo, a maior revolução em termos de FPS já feita. Mais tarde, saberíamos que seria um divisor de águas, principalmente no que diz respeito a FPS nos consoles e à jogatina multiplayer. Na primeira fase, nada realmente impressionante, pois ainda estávamos enclausurados dentro da nave Pillar of Autumn. 

Mas aí aterrisamos no Halo. E aí minha mente explodiu novamente. O Edmilson me mostrou lentamente aquela área do cenário onde cai a nave de fuga na qual o Master Chief foge da Pillar of Autumn. Fomos até a borda do penhasco onde ele me mostrava a curva ascendente do Halo, aquele mar lá embaixo refletindo o sol, as cores, a fluidez e a amplitude daquilo tudo. Cada árvore, cada inimigo, as naves, os veículos, a água, as luzes, tudo, absolutamente tudo era absurdamente novo para mim. Aquele turbilhão de informações funcionou como um gatilho que voltou a colocar em movimento o projétil da minha paixão por videogames e foi através daquele jogo que eu redescobri o prazer de jogar.

Não demorou muito e comprei meu próprio Xbox e a partir dali esta loucura não parou mais. Graças ao meu amigo Edmilson, eu voltei a ser um gamer. 

Obrigado, amigo!

 -x- 

Meu camarada Edmilson morreu em 2013, vítima de um câncer no cérebro, após lutar por cerca de dois anos. Pouco antes de partir, ele comprou Halo 4. A franquia era a sua grande paixão, a qual compartilhou comigo até o final. 

Já afastado do trabalho por conta da doença, um dia ele foi até o nosso escritório nos fazer uma visita e trouxe consigo o Halo 4 que recém havia comprado. Emprestou-me, pois ele dizia que não tinha mais condições de jogar pelas mãos que tremiam muito e pela baixa capacidade de concentração causada pelos remédios da quimioterapia.

Ele faleceu em julho. Tinha a minha idade.

Só depois disso eu decidi fechar Halo 4, em sua homenagem.


Edmilson e eu, no Dia do Trabalhador de 2009.




quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Condição Nerd


O poder Nerd!


Os velhos estereótipos dos “nerds”, que já foram motivo de chacota e vergonha, hoje externam um modo de vida único, espontâneo, orgulhoso e, sobretudo, feliz.

Gordos, esquisitos, pouco entusiastas de atividades físicas, leitores ávidos de quadrinhos e de livros de ficção científica e de fantasia, grandes conhecedores de coisas inúteis para a maioria dos mortais como, por exemplo, o nome do criador do encanador-herói Mario da Nintendo*, devoradores de seriados norte-americanos, pessoas pouquíssimo religiosas ou ateias, míopes ou hipermetropes em sua imensa maioria.

Estas são apenas algumas das coisas que define um “nerd”.

Com a popularização das redes sociais (criadas por nerds, claro), a comunidade que antes se encontrava em obscuros redutos onde podiam jogar RPG de tabuleiro e ler mangás em paz, descobriu seus iguais e, com a desenvoltura na comunicação por meios eletrônicos que sempre lhes foi peculiar, começou a expandir seu território de atuação e a mostrar a todos o quanto é legal estar nesse mundo cheio de cores, grandes olhos japoneses, dados de 20 faces, hobbits, viagens interestelares, computadores e jogos de videogame.

Os nerds deixaram de ser contracultura para se estabelecerem enquanto portadores de um modo de vida que desperta a inveja e a cobiça dos que estão fora deste círculo e nada confirma tanto este pensamento nos dias de hoje quanto o Google.


Um dia de trabalho no Google


Quem nunca assistiu ou leu reportagens sob a organização Google e a forma como eles trabalham por lá sem sentir uma pontinha de inveja? Quem nunca deu um sorrisinho de canto de boca ao perceber a ênfase que a empresa dá à liberdade criativa, ao divertimento, à cooperação na busca de um objetivo comum e, além de tudo isso, aos excelentes salários?

E além desse mundo de fantasia que o Google construiu em volta de si, hoje há um sem-número de pequenas empresas que se formaram na esteira da gigante das buscas on-line.

São produtoras de conteúdo que postam seus vídeos gratuitamente no YouTube (empresa da Google) para um público que cansou dos formatos tradicionais de entretenimento, como o canal Desce a Letra do Cauê Moura, e empreendedores que descobriram formas inovadoras de explorar a necessidade crescente de consumo de cultura pop e que estão ganhando muito dinheiro sendo apenas eles mesmos, como é o exemplo do canal Jovem Nerd.

Jovem Nerd e Azaghal do site Jovem Nerd, ícones da cultura Nerd brasileira

Temos hoje uma nova forma de falar das coisas graças à adição desse ponto de vista único que, até então, era muito marginalizado. Graças à popularização da internet, os nerds/geeks/otakus e outras tribos têm um ambiente muito mais aprazível para consumir conteúdos e produtos criados especialmente para eles, mas que cada vez mais se tornam populares e ganham novos adeptos, ajudando a perpetuar e popularizar essa visão muito particular de mundo.

Os entusiastas da cultura pop têm hoje feiras e grandes encontros organizados pelo Facebook, Twitter e fóruns de internet para fazer troca de experiências, comercializar artigos específicos do seu universo como revistas em quadrinhos, action figures e cartas de RPG, jogar videogame, fazer encenações fantasiados de seus personagens favoritos, os famosos cosplay, entre muitas outras atividades.

Na parte mais profissional deste mundo, temos a E3, a maior feira de entretenimento eletrônico do mundo, a Comic-com Experience e a Video Games Live, que movimentam milhões de dólares em investimentos para suprir o público sempre ávido pelas novidades desse maravilhoso universo.


Estande do Xbox One na E3 2013

A cultura pop e seus videogames, quadrinhos, super-heróis, jogos de tabuleiro, desenhos animados, canais do YouTube, filmes e seriados, já é algo estabelecido na sociedade ocidental e que ganha cada vez mais atenção do público em geral.

E é isto que eu defino como a Condição Nerd: o conjunto de todo o conteúdo criado para esse universo sob o ponto de vista destas pessoas, os nascidos nas últimas três décadas do século XX, para um público que deixou de ser ridicularizado para ser justamente elevado à condição de uma espécie de vanguarda cultural popular, sem apegos linguísticos ou estéticos, sem regras pré-estabelecidas. Uma geração que vem cortando vínculos com a cultura ainda vigente por produzir conteúdos para meios alternativos, individualmente, independentemente, com orçamentos limitados, mas com muita criatividade e disposição.

Além, é claro, da poderosíssima indústria dos videogames, que agrega tanto os projetos milionários como GTA, Call of Duty e FIFA como jogos independentes, os jogos indie, criados por programadores amadores ou pequenas empresas, que conseguem publicar suas criações estimulados pelo ambiente convidativo que a internet conseguiu criar.

Enfim, temos o privilégio de viver dias em que a criatividade, a inovação e a ousadia são premiadas com a fidelidade e o entusiasmo de um público que só cresce.

Nós só podemos comemorar e aproveitar o nosso momento.


Estamos vivendo a Condição Nerd!

-x-

O dia do Orgulho Nerd é  no dia 25 de maio, meu aniversário. Coincidência? Acho que não!

Aliás, você que ainda acha que não se encaixa completamente nisso, caso tenha consigo um smartphone com internet 3G, você já vive no "nosso" mundo. :)



sábado, 3 de janeiro de 2015

Sonic - Mega Drive





Falar de Sonic é falar da história viva dos videogames e, claro, da história da Sega.

Como todos (pelo menos eu imagino que sim), todos que venham a ler este post conhecem minimamente a história dos games, vou me ater a outras particularidades da minha experiência com o porco-espinho azul.

A primeira vez que vi o desenho do bichinho pensei que ele tinha sido desenhado pela Disney. Sei lá, provavelmente era o tamanho dos olhos, aquele nariz parecido com o do Mickey. Alguma coisa me dizia que aqueles traços tinham inspirações em vários outros personagens.




Não me lembro exatamente quando experimentei pela primeira vez um jogo com o Sonic, mas acho que foi no Master System do vizinho, bem antes de eu ter o Mega Drive. Desde o começo já achava bonita demais aquela primeira fase, tradicionalmente verde, azul e marrom. Um lindo campo cheio de coisas bonitas que, mais tarde, daria lugar a lugares mais obscuros e estéreis.

Por causa do Sonic eu queria um Mega Drive. Por causa do Sonic, eu virei um “seguista”. Por causa do Sonic quase enlouqueci meus pais para me darem um Mega Drive de presente de aniversário. E eu fui atendido.

Pra começar, enxerido que sou, nas proximidades do meu aniversário já desconfiava que meus pais já tinham comprado o dito cujo. Minha mãe e meu pai nunca foram muito bons em guardar segredos. Eu tinha certeza e comecei a procurar nas gavetas de documentos provas do “crime”. Sem muito trabalho, eu achei.

Um recibo de uma loja chamada “Casa das Festas”, que era isso mesmo, uma loja de artigos para festa mas que também vendia brinquedos e...videogames!

Estava lá, preto no branco, a nota fiscal que descrevia “1 VIDEOGAME MEGA DRIVE TECTOY”. Não me pergunte o preço, mas era caro.

Aí eu caí na pressão!

E eles cederam!

Estava escondido na casa do meu vizinho da frente, o mesmo que tinha o Master System onde eu assistia e às vezes jogava o Sonic.

A caixa estava embalada, acho, num papel vermelho e quando vi aquilo simplesmente enlouqueci! Eu e meu primo Fabricio abrimos o pacote e aí...aí minha mente explodiu!

A linda caixa preta da Tectoy, a então fabricante oficial do console no Brasil, com a foto do videogame, de um controle de 3 botões e o desenho dele, do porco-espinho azul mais amado do universo logo abaixo, com seu indicador levantado mostrado que tinha chegado para ficar.


Não é a minha caixa, mas a esta era a minha versão do console.


Eu acho que abrir uma caixa de videogame é umas das coisas mais maravilhosas que se pode acontecer com quem gosta disso. Cada pedaço de papelão que protege o tesouro é retirado cuidadosamente. Os plásticos que envolvem os cabos e o controle. A caixinha preta do jogo, pois na época era padrão vir um jogo junto com o console. E, finalmente, no centro da caixa, o console, o coração e o cérebro de toda a diversão. Ergui-o com todo o cuidado e solenidade, observando cada detalhe, o botão de volume, a entrada para fones de ouvido, as ranhuras na parte esquerda, o círculo no restante do topo do objeto, no centro do qual seriam colocadas as dezenas de cartuchos que viria a jogar ali e, escrito em um lindo detalhe prateado, a marca de uma era, a revolução que só seria superada pela chegada do Playstation muitos anos depois, a expressão “16 bits”.

Liguei toda a parafernália na TV, coloquei o lindo cartucho preto com etiqueta amarela com a figura do Sonic no slot e mudei a chave de off para on pela primeira vez.

“SEEEGAAAAA”!

Seeeegaaaaa!!


Quando ouvi aquilo ao olhar para a tela branca com o Sega escrito em azul eu quase chorei.

“Mãe, vó, tem voz!! Ele fala!!”

Logo depois, apareceu aquele que seria o cenário de primeira fase mais clássico depois do Mario (admito), com o seu oceano lindamente cintilante, as montanhas propositalmente e maravilhosamente pixeladas ao fundo e, no centro, ladeado pelas asas que remetiam a sua velocidade, o porco-espinho e seu dedo indicador em riste. Uma obra de arte, um ícone perfeito, um símbolo de uma geração.


Começando a aventura!


Depois disso, foram muitas horas, mas muitas horas mesmo de Sonic.

Sei de cabeça as músicas de todas as fases até hoje, descobri os segredos de todas os níveis e consegui terminar o jogo com todas as esmeraldas pelo menos uma vez.


Este eu posso dizer que gastei. Por isso, é um jogo que vou guardar para sempre na lembrança, não só pela qualidade do software em si, mas pelas sensações que ele me trouxe desde a primeira vez que entrei na Green Hill Zone.





No próximo post, Halo - Combat Evolved.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Pro Evolution Soccer 5 - Xbox





Não jogo bola. Não sei jogar bola e, sim, por isso eu era goleiro na escola.

Eu era relegado a esta posição pela minha evidente e assumida falta de habilidade com a redonda e por eu ser gordo. É...a vida na época em que bullying não era algo repreendido na sociedade não era fácil. Mas eu sobrevivi...e continuo gordo.

Desde os tempos de Atari eu jogo futebol no videogame, mas convenhamos que o Atari não era um primor em jogos de esporte, a não ser no “Tennis”, este sim, uma joia rara.

Aí fui para os 8 bits e me diverti imensamente com o “Goal” da Jaleco. Este game era bom mesmo! Só tinha seleções nacionais, o único formato de jogo possível era Copa do Mundo e ninguém reclamava disso. Muitas partidas desse clássico foram jogadas em meu console Hi-Top Game, um dos muitos Nintendo 8 bits genéricos do mercado nacional à época, junto com meu primo Fabricio.

Quando a era 16 bits começou, as possibilidades da nova geração eram muito maiores graficamente e é claro que os jogos de futebol foram devidamente bem explorados pelas desenvolvedoras de games da época. Vários títulos foram lançados, cada um explorando um tipo de visão de jogo, modos de controle e jogabilidade. Todas concorrendo entre si para achar o Santo Graal do futebol virtual, a forma perfeita (ou a mais perto disso possível) de simular uma partida de futebol.

Tecmo World Cup 92 (como assim?), Super Futebol, World Cup Italia 90, International Super Star Soccer, Fifa Soccer e muitos outros. Não faltava opção de game de futebol na era 16 bits. Cada game tentava melhorar um aspecto do jogo ou opções de melhorias nos jogadores e personalização de times.

No Neo-Geo CD joguei o clássico dos árcades Super Sidekicks 2. Este foi o primeiro jogo de futebol que joguei que poderia ser localizado em espanhol e não dá para esquecer algumas expressões como “tiro de puerta” e o grito empolgado de “Goooooolllll” tão natural a nós latinos.

Pulando uma boa parte da história dos videogames e chegando ao domínio da Sony com seu Playstation, eis que descobrem o primeiro Santo Graal do futebol virtual.

A japonesa Konami lança o Winning Eleven e milhões de jogadores no mundo todo finalmente conseguem sentir-se como jogadores de futebol de verdade. Gráficos e sons inimagináveis até então, física aplicada no jogo e jogabilidade muito próxima da perfeição. Sim, Winning Eleven mudou o paradigma dos jogos de futebol em videogames.

Mas a minha história só tem início uma geração de consoles depois com o mais novo ator do embate pelo coração (e pelo bolso) dos gamers de todo o mundo: o Xbox.

A Konami, que até então só lançava seus jogos para o Playstation lança para o Xbox, da Microsoft, o incrível Pro Evolution Soccer 5. E quando eu joguei este jogo pela primeira vez não preciso dizer o que aconteceu, mas eu digo mesmo assim: aquilo explodiu a minha mente!

Na época eu era da turma do Jack Sparrow, sabe. Comprei uma versão piratinha, para o meu console que tinha um chip só pra rodar esses discos “genéricos”. Fazer o quê? Mas hoje já me endireitei. Só compro jogos originais há uns 8 anos.

Mas nesta de jogos piratinhas, encontrei um que já tinha os times brasileiros e sul-americanos no lugar das equipes europeias. Era um dos muitos “mods” criados por programadores fãs do jogo e que queriam fazer uma graninha fácil.

Bom, o jogo fluía como nenhum outro antes dele, tinha controles absurdamente precisos, gráficos excelentes para sua época, jogadores reais e era possível fazer todo o tipo de firula futebolística imaginável na intenção de humilhar o adversário. Simplesmente um primor!

Assim que descobri o modo Master League eu viciei instantaneamente. Era tudo o que eu queria! Fazer um time de futebol do comecinho mesmo, desde o uniforme até o banco de reservas , treinar, jogar e até escolher um estádio para jogar como mandante. “ESCATABUUMMMMM”!!!


Além destas características, tinha também evolução de jogadores, comprar e vender atletas nas janelas de negociação, jogar mais de um campeonato na temporada, lidar com as lesões dos comandados e, obviamente, jogar e jogar até fazer calos nos dedos. Ainda tenho meus calinhos do Pro Evolution até hoje e me são muito úteis!

Mas meus melhores momentos com essa maravilha foram em jogos com meus camaradas boleiros virtuais.

Jogando em lugares impróprios (e por enquanto fica por isso), ficávamos madrugadas inteiras em pelejas pelo domínio do campo de jogo. O vício foi levado às últimas consequências ao colocar em risco o próprio ganha-pão! Um absurdo! Mas um absurdo espetacular, perfeito, empolgante e desafiador.

Partida após partida, jogada após jogada, berrávamos contidamente (isso é possível) naquela enorme sala com metade das luzes apagadas. Alguns tinham coisas a fazer e as faziam na maior velocidade que podiam para poder terminar a tempo de jogar algumas partidas. Companheiros de outras salas que trabalhavam nestes horários alternativos vinham até a minha, abrindo metade da porta e perguntando com o rosto iluminado pela excitação da contraversão, “E aí, trouxe?” E eu respondia devolvendo a mesma expressão, “Claro, depois chega aí, seu pato!” Que demais! Que época!

Cada jogo era uma batalha travada com paixão e com orgulho. Muitos placares apertados, muitas goleadas, muitos lances inesquecíveis e outros para tirar sarro para sempre. Murros na mesa, socos na parede, berros (às vezes altos demais) e risadas, muitas risadas.

É uma outra sensação jogar com pessoas ao seu lado...

Tínhamos nosso times favoritos, nosso campos favoritos, nosso ranking particular, nossos esquemas táticos específicos e assim foi por um bom tempo.

Mas uma hora eu deixei de levar o pesado Xbox, controles e jogos na mochila e simplesmente acabou. Bola pra frente.




No próximo post, um clássico entre os clássicos, um jogo que redefiniu o sidescrolling e colocou pimenta na disputa Sega X Nintendo: Sonic.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Samurai Shodown II - Neo-Geo CD




Era para eu escrever sobre o Pro Evolution Soccer 5 desta vez, mas um querido amigo lembrou-me de um dos jogos de luta mais hardcores de sua época e que tivemos o privilégio de jogá-lo em toda a sua plenitude gráfica e sonora: Samurai Shodown II, para o Neo-Geo CD.

Numa época em que jogos em CD-Roms estavam começando a ficarem comuns e a Sega e Nintendo ainda dominavam o mercado de consoles, eu fui presenteado pelos meu pais no Natal de 1995 com uma máquina incrível chamada Neo-Geo CD, produzido pela japonesa SNK.

Até então a SNK produzia consoles que rodavam cartuchos, como era a tecnologia dominante na época. A diferença desta empresa para as outras que existiam no mercado era potência das suas máquinas e, mais que isso, a capacidade de armazenamento de dados de seus cartuchos.

De fato, eram fisicamente muito maiores que os da concorrência e isto se traduzia em extrema qualidade e polimento dos jogos (a maioria de luta). Neste caso, o tamanho fazia toda a diferença. Eu nunca conheci alguém que tivesse um console Neo-Geo de cartucho e até aquele longínquo dezembro de 1995, nunca tinha jogado qualquer jogo produzido pela SNK. Eu estava entrando naquele mundo novo de olhos vendados, enfeitiçado pelo gráficos espetaculares dos jogos que enfeitavam aquela enorme caixa preta.

E esta sempre foi uma das coisas na SNK que mais me chamava a atenção, pois tudo o que ela produzia era grande. Cartuchos grandes, consoles grandes e pesados e controles grandes que imitavam uma mesa de arcade, os verdadeiros joysticks.

O Neo-Geo CD era especialmente grande e muito pesado, ainda mais se comparado com meu console na época, o combo, Mega Drive/Sega CD.

Melhor que tudo, dentro da caixa já vinham dois controles (dos pequenos, só pra contrariar, mas com uma precisão absurda) e um jogo, ou melhor, "o" jogo de luta mais foda de todos os tempos: Samurai Shodown II.

Minha cópia da lenda


Quando coloquei o disquinho preto, com uma serigrafia muito simples e com um padrão que se repetiria em todos os jogos produzidos para o console e liguei o bichão, deu vontade de morrer. Mal acostumado com os cartuchos que não tinham tempo de carregamento algum e com o Sega CD, que era até bem rápido, olhar aquela barrinha amarela sendo preenchida juntamente com uma montagem de mangá dos personagens do jogo foi, no mínimo, desestimulante. Mas a barrinha encheu e aí, meus amigos...aí tudo mudou.

Apenas lembrando que o game estava dentro de uma mídia de CD-Rom e particularmente nesta época, a mudança mais significativa e facilmente notada para qualquer jogador era a qualidade do som.

Músicas japonesas reais, tocadas com instrumentos clássicos japoneses, vozes cristalinas e efeitos sonoros fora de qualquer classificação para a realidade gamer de meados da década de 1990. Tudo aquilo foi demais para mim. Além disso, os gráficos, claro!

Pixels muito bem desenhados e que ficavam cada um no seu lugar, uma explosão de cores incomparável, fluidez de movimentos, efeitos de zoom in e zoom out, letras gigantes que apareciam na tela no início de cada luta e no final de cada round e personagens enormes.

Não preciso dizer que aquilo explodiu a minha cabeça.

Os controles eram simplesmente perfeitos. Tudo acontecia na hora certa se os comandos fossem feitos da maneira correta. Depois de um tempo jogando, os golpes saiam quase naturalmente e todos personagens tinham qualidades e deficiências de modo que o jogo era muito equilibrado.

Havia combos e golpes especiais que faziam a tela brilhar e, se você desse sorte, poderia admirar os rios de sangue que jorrariam da jugular do infeliz do seu adversário no final da luta. Em casos de finais mortais, os juízes da luta levavam o "corpo" do lutador derrotado em uma maca coberta de palha, enquanto o vencedor saltava do cenário numa enorme figura em mangá que ocupava metade da tela, enquanto abaixo dessa imagem, apareciam suas frases de triunfo e desdém. Sen-sa-cio-nal!

Isso é game de luta old-school!

Quando ganhei o Neo-Geo CD, meu primo e meus amigos nos juntávamos na sala de casa sentados no sofá e no chão, no meio dos fios da extensão elétrica que ligava o videogame.

Quem perdia dava a vez para o outro e quem ganhava aguardava a próxima vítima.

O jogo montava um ranking do número de vitórias ininterruptas que cada um conseguia fazer. A competição era extrema, barulhenta, sangrenta e altamente apelativa. Algo que não existe mais nos dias de hoje, graças aos grupos de jogatina online dos novos consoles. Novos tempos, novas modas, novas maneiras de se divertir.

Mas creio que aquela época, o final da era 16 bits foi muito especial. Foi a época em que os amigos compartilhavam na escola suas peripécias gamísticas e não através das redes sociais. Os jogos coletivos eram curtidos indo até a casa dos colegas, integrando muito mais o pessoal e dando aquela característica familiar à brincadeira.

Emprestávamos cartuchos, íamos à locadora para pegar os lançamentos vindos diretos do Paraguai e dedicávamos horas a fio para terminar um jogo a tempo de devolve-lo após um fim de semana de locação.


Era um mundo bem mais simples em todos os sentidos e no sentido da tecnologia também, mas um coisa jamais vai mudar: o fascínio pelo entretenimento eletrônico.

Esse dura até hoje!


No próximo post, agora sim, Pro Evolution Soccer 5!!


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

The Elder Scrolls IV - Oblivion





Meu primeiro contato com jogos da série “Elder Scrolls” foi através do terceiro título da série, “Morrowind”, para PC.

Na verdade, não me chamou a atenção.

Acho que era porque nunca curti jogar com teclado/mouse e me cansava ler os diálogos e fazer todas aquelas andanças pelo mundo do jogo sentado na cadeira desconfortável da mesa do PC. Na real, sempre achei que PC não era pra se divertir. Hoje já penso um pouco diferente, mas para jogos ainda prefiro os consoles.

Então, depois que joguei algumas horas, fiz uma ou outra sidequest, desisti de Morrowind. Até que, um dia, dando uma olhada em um site referência do Xbox vi as análises sobre um tal de “Oblivion”, o quarto jogo da franquia “Elder Scrolls”.

Foi paixão à primeira vista.

Armaduras e armas da Idade Média, castelos, fazendas, cavernas, ruínas antigas e vilarejos, tudo em um mundo tão vasto e dinâmico que simplesmente percebi que era aquele tipo de jogo que eu queria jogar para sempre. Um RPG em primeira pessoa altamente imersivo e imprevisível, no qual eu poderia escolher desde o tipo de raça do meu personagem, com suas vantagens e desvantagens, passando pelo material da armadura, a qualidade das armas, o lugar onde morar e até o tipo de caráter que eu assumiria em minhas relações interpessoais no jogo. Aquilo explodiu a minha mente.

As possibilidades do jogo eram tão absurdamente infinitas que eu cheguei a ficar horas só montando as características físicas do meu personagem. Sim! Rosto, marcas de expressão, cor do cabelo e dos olhos, corte de cabelo, homem ou mulher! Era uma viagem sem fim.

Definido isto tudo, passei a explorar o mundo, a testar a mecânica do jogo, como matar os inimigos, como interagir com os amigos, em que tipo de lugares eu poderia entrar, quais seriam os primeiros “dungeons” a serem explorados e em que momento eu daria continuidade às quests principais para avançar na estória.

E isso tudo levou muito, mas muito tempo mesmo.

Da última vez que joguei Oblivion, me lembro de estar com cerca de 300 e muitas horas jogadas, somados o jogo principal e as extensões com novas quests. Com Oblivion no meu console, eu simplesmente esqueci de todo o resto da minha coleção de jogos. Aposentei o headset por um tempo e perdi a vida social gamística.

Era tudo o que eu queria, portanto, “The Elder Scrolls IV: Oblivion” para Xbox 360 abre esta seção. Porque foi o jogo que eu mais joguei, em horas, na minha vida. Nunca houve nada em que eu viciasse tanto depois desta joia dos RPG’s.

Mas uma hora acabou e outros títulos vieram...



No próximo post: Pro Evolution Soccer 5!